Deslizei.
Quis morder sem comer.
Escorreguei.
Quis saborear sem apreciar.
Caí.
Quis querer sem ter.
Sofri.
Quis ter e não perder.
Enganei.
Quis manter sem afastar.
Errei.
Quis dois pássaros na mão,
Mas os dois que tive no coração,
Saíram a voar…!
Sem que eu lhes pudesse dizer
Que houve uma altura
Em que os dois consegui amar.
Ofélia Castro
Ninguém é o que faz, apenas, nem ninguém é o que tem - totalmente. Não se conhece um ser, nem que anos de convivência passem; o ser humano está em constante aprendizagem e mutação. A mudança é a única certeza da vida. A morte física é inevitável. Apesar das várias assinaturas, todos os textos são meus.
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domingo, 10 de junho de 2012
Os velhos que teimam em passar
Vejo tudo, deste local onde me sento.
O gato que se lava, a chuva que tanto molha,
A pessoa que passa mais que duas vezes em frente à loja...
Vejo preocupações, observo tiques...
Ouço gritos, vejo raiva. Todos estes transeuntes...
Vejo-os de dentro para fora.
Nunca vi ninguém a observar-me
Tanto quanto observo a eles.
Aqui sou algo aconchegante,
Sou invisível.
Neste sitio onde me pouso,
está frio e brisa gelada.
O Inverno veio finalmente.
Em Portugal fez-se tardar.
O tempo já não é como era...
Vejo-os com casacos, chapéus de chuva,
Aflitos, rápidos, de olhos baixos.
A multidão que passa diante dos meus olhos
Está triste.
Será que os sonhos lhes morreram?
Ou já serão velhos demais para sonhar?
Os velhos de Benfica teimam em passar...
Passam com bengalas, andarilhos,
Chapéus efémeros, saias...
Faça chuva ou sol...
Eles passam...
Uma, duas e três vezes à minha frente.
Que farão para andarem tantas vezes por dia
Para a frente e para trás?
Questiono-me se assim serei
Quando não sair mais para trabalhar.
Inventarei eu compromissos?
Ansiedades para companhia?
O que serei quando o que quiser ser
Já tenha sido?
A vida esgueira-se entre os nossos dedos
Como se fosse água nas nossas mãos.
Ninguém gosta de envelhecer.
Digam o que disserem.
A vida é uma dádiva, um presente que
Não nos pertence nunca.
Ela ocupa-se de nós no momento em que
emergimos das águas...
E nós, ocupamo-nos de nós mesmos...
Sempre tive medo de crescer.
Em pequena cheguei a ter inclusive
Medo de envelhecer.
Nós não nos damos conta da semente frágil
Que somos na terra.
Lá de fora, afinal,
Alguém me olha.
2011
Diana Estêvão
2011
Diana Estêvão
Sentir
Senti-me em euforia,
Senti-me completa.
Perdida...
Senti-me repleta.
Sinto-me vazia...
Sinto-me desperta.
Sinto-me sem chão,
Sinto-me descoberta.
Sentir-me-ei dividida...
Morta,
Despida...
Desta veste que me conforta.
Ofélia Castro
2010
Senti-me completa.
Perdida...
Senti-me repleta.
Sinto-me vazia...
Sinto-me desperta.
Sinto-me sem chão,
Sinto-me descoberta.
Sentir-me-ei dividida...
Morta,
Despida...
Desta veste que me conforta.
Ofélia Castro
2010
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